De Gabigol ao FED

    No meio das caixas de mudança lembrei de uma música do Froid.

Eu já tô incrédulo vendo alienígenas  
Todos alienados cultuando suas místicas, tolos alinhados  
Vivendo igual matrix, ouvindo um sertanejo remix  
E no foco das câmera tekpix, vila mix

    Quero começar este texto confessando que iniciei 2025 quebrando minhas próprias leis. Retornei ao Twitter e ao TikTok, ainda que por um curto período, para acompanhar as notícias do Cruzeiro (assunto que falarei mais durante o ano), sobretudo a contratação do Gabigol. Como os times de futebol, eu também estou em pré-temporada, preparando meus neurônios para o que está por vir. Esse período de ajustes deve durar até o segundo domingo de janeiro, quando as festas familiares finalmente acabam e a rotina volta ao normal.

    Andei pensando no meu planejamento financeiro para este ano. Após dedicar apenas cinco minutos a uma notícia sobre o governo atual, acredito ter elaborado uma análise macroeconômica sólida, capaz de fazer o Haddad questionar sua aptidão para o cargo.

    Você sabe qual a semelhança entre um economista e uma mãe Diná? Os dois sabem o que vai acontecer mas nenhum pode provar.

    Mas eu vou tentar.

    Vamos ao cenário atual: O governo demonstrou certa incoerência ao anunciar um pacote de ajuste fiscal de 70 bilhões para os próximos anos, com o objetivo de sinalizar ao mercado sua preocupação com as contas públicas. No entanto, ao mesmo tempo, divulgou o fim do Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil, como se as contas fiscais pudessem abrir mão de receita nesse momento. Os holofotes agora estão voltados para a sucessão da presidência do Banco Central e a política de juros. Com o período eleitoral se aproximando, é difícil acreditar que o governo fará algum movimento significativo no ajuste das contas fiscais.

    Já que um plano de controle fiscal e o aumento da taxa de juros não estão nos planos, o governo, até o momento, tem adotado a estratégia de leiloar parte das nossas reservas cambiais, que são robustas. No entanto, essa abordagem tem mostrado resultados limitados, já que fatores estruturais, como o desequilíbrio fiscal e a instabilidade política, continuam pressionando o câmbio. Talvez, até o fim do mandato, o governo opte por incentivar as exportações como forma de equilibrar o balanço comercial e, assim, aliviar a pressão sobre o dólar. O agronegócio e a pecuária são os setores mais beneficiados com essa alta da moeda americana.

    Nossa melhor chance para salvar o cambio é a expansão monetária do FED.

    Vejo uma ótima oportunidade de aproveitar essa alta dolarizando os investimentos, seja por meio de recibos de ações americanas ou da compra de BTC. É essencial observar a política monetária adotada pelo FED no primeiro ano do governo Donald Trump. Caso um ciclo de expansão monetária se confirme (indicando redução dos juros nos Estados Unidos, em resposta ao aumento do desemprego), setores como tecnologia, commodities e ouro tendem a ser atrativos. Por outro lado, se os juros americanos permanecerem estáveis ou até subirem para conter a inflação (pior opção para o REAL), recomenda-se atenção a títulos do Tesouro atrelados ao IPCA+, que oferecem um retorno real elevado. Esses ativos permanecem interessantes no longo prazo, mesmo em cenários de queda da taxa Selic.

    O ano de 2025 será crucial para o Brasil. Assuntos como Brics, CBDC, eleições… Serão amplamente discutidos nos jornais. Será interessante acompanhar os próximos capítulos dessa história. Estamos vivendo a dor que fortalece ou a que destrói? Inverno eterno ou Here Comes the Sun? É o que veremos.

    Sim, eu sei.

    Economia é um assunto chato.

    Anyway, essa primeira semana de planejamento anual também contou com o planejamento de leitura. Estabeleci uma meta sóbria de 24 livros para o ano, sendo 12 deles calhamaços predefinidos. O primeiro deles, Irmãos Karamazov, já está em mãos, aguardando o término de dois livros simultâneos que estou lendo: um da Agatha Christie e outro de Charles Dickens. Estou com alguns filmes pendentes como American psycho e Akira para ver; além de continuar minha jornada de ler a bíblia completa.

    Os primeiros meses do ano são cruciais para um bom final. Espero que, quando eu voltar aqui para escrever novamente, as coisas tenham avançado um pouco mais.